Por Márcio Caseiro.
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| Ouroboros, o dragão que come a própria cauda. |
A alquimia já foi taxada de antecessora imatura da química e banalizada por alguns que diziam tratar-se de devaneios infundados de malucos cujos trabalhos eram tão surreais quanto os filmes protagonizados por Harry Potter. Como protesto, os verdadeiros alquimistas (note-se que haviam os falsos) chamavam as pessoas que não entendiam o que continha em seus escritos de puffers, algo como os trouxas na série de HP, que são as pessoas que nem desconfiam que há um mundo completamente estranho à realidade delas bem embaixo de seu nariz.
Os alquimistas eram pessoas extremamente reservadas e escreviam seus textos utilizando-se de expressões metafóricas a fim de transmitir o conhecimento só aos receptores já iniciados na doutrina alquímica. Por tal fato eram ditos loucos e que seus textos eram totalmente desconexos com a realidade e permeados de ideias insanas.
O termo 'Alquimia' provém do árabe, significando 'Al' o Ser Divino ou Deus e 'khimia' a química, assim, a alquimia pode ser entendida como a química de Deus ou química divina. E os puffers, julgando-se detentores da verdade, jamais consideravam-se ignorantes, pois não viam exteriorizadas as promessas feitas nos textos alquímicos, quais sejam, a transmutação de um metal comum em ouro e a obtenção de um elixir da vida, capaz de prolongá-la infinitamente, de modo que isto possibilitaria a imortalidade e juventude eterna.
Os falsos alquimistas, inocentes e muito ambiciosos que eram, seguiam à risca as instruções dadas nos legítimos textos alquímicos, de modo que, pela inexperiência, provocavam grandes explosões em seus laboratórios improvisados e acabavam mortos como resultado destas explosões provocadas. Mal sabiam eles que a doutrina da alquimia, sagrada, secreta, antiga e profunda, sendo muitas vezes denominada de arte real ou sacerdotal escondia atrás de seus textos esotéricos e emblemas enigmáticos os caminhos para penetrar nos segredos mais profundos de tudo o que existe.
Há algo que se denomina 'A grande obra' dentro da filosofia hermética da alquimia, e este é o ponto chave da perfeita e verdadeira alquimia, que transcede os limites da química tradicional, ultrapassando os limites visíveis a que se restringe a matéria.
O lendário pai da alquimia, Hermes Trimegisto, na sua Tábua Esmeralda, chama a alquimia de operação do Sol, que foi sempre levada muito em conta pelos alquimistas de todos os tempos. A seguir, o texto da Tábua Esmeralda por Hermes Trimegisto.
"É uma verdade sem mentiras, certa e a mais verdadeira, que o que está abaixo é como o que está acima e o que está acima é como o que está abaixo, a fim de realizar os milagres de uma única coisa.
E da mesma forma que tudo o que existe procede do Um, pela meditação do Um, assim também todas as coisas nasceram desta coisa única por adaptação.
O Sol é seu pai e a Lua a sua mãe.
O Vento a levou dentro de seu ventre e a Terra é a sua ama-de-leite. O pai da perfeição do mundo inteiro se encontra aqui.
A sua força ou poder é total se se converte em terra.
Separarás a Terra do Fogo, o sutil do espesso, suavemente, com grande habilidade.
Ele sobe da Terra ao céu e de novo desce à Terra, recebendo a força das coisas superiores e inferiores.
Obterás desta forma toda a glória do mundo e portanto toda a escuridão se afastará de ti.
Esta é a força mais forte de todas as forças, pois vencerá todas as coisas sutís e penetrará em todas as coisas sólidas.
Assim se criou o mundo.
A partir disto, surgirão e existirão adaptações admiráveis; a forma de conseguí-lo está aqui.
E em relação com isso, eu sou chamado Hermes Trimegisto e possuo as três partes da filosofia do mundo inteiro.
E aqui se dá por concluído o que disse sobre a operação do Sol."
